Projeto de Queijos Finos do Biopark é a alterativa para produtores que desejam agregar valor aos seus produtos

A desvalorização do leite no campo, que é atípica para o setor, ocorre durante um período historicamente marcado pelo aumento dos preços devido à redução sazonal da produção. Isso se deve principalmente à crescente oferta de produtos lácteos importados e ao enfraquecimento do consumo interno. Por outro lado, o aumento das importações de lácteos dos nossos países vizinhos, como Uruguai, Argentina e Paraguai, desempenha um papel significativo nesse cenário. Além de um volume maior em comparação com anos anteriores, os preços acordados nessas importações permanecem mais competitivos em relação aos produtos nacionais, exercendo pressão sobre os preços em toda a cadeia produtiva.

Este contexto foi o fio condutor da palestra que a Queijaria Flor da Terra, parte do Projeto de Queijos Finos do Biopark, ministrou durante o 1° Simpósio de Tecnologia e Negócios para a Indústria Láctea do Sul do Brasil (SIMLAT) – sediado na última terça-feira (19) no auditório da Universidade Federal do Paraná (UFPR) – no Biopark, para discutir o futuro do setor.

Segundo o Ministério da Economia, em julho, o saldo da Balança Comercial, que compara as importações e exportações, registrou um déficit de 179 milhões de litros em equivalente leite para as importações, resultando em um saldo negativo de US$ 91,7 milhões. Isso significa que o país importou mais leite do que exportou, o que teve um impacto financeiro negativo.

Henrique Herbert, responsável técnico da Queijaria Flor da Terra, explicou ainda que a cadeia do leite está passando por um período de fragilidade que afeta desde os produtores rurais até as indústrias. Ele destacou que o leite importado, que atualmente é mais barato do que o leite nacional, está colocando pressão sobre as indústrias para que reduzam os preços de seus produtos lácteos, a fim de garantir a liquidez. “Essa competição com produtos importados, juntamente com um consumo interno enfraquecido, resultou em uma queda nos preços dos produtos lácteos nacionais iniciada em maio, mesmo durante o período de entressafra”, explana.

A falta de competitividade no âmbito da matéria-prima, como o leite em sua forma bruta, está levando muitos produtores e indústrias a buscar alternativas para agregar valor ao leite. Uma dessas alternativas é a produção de queijos. Isso ocorre porque, mesmo diante da dificuldade em competir com as importações de leite fluido e seus derivados lácteos, o queijo brasileiro se destaca como um produto competitivo no mercado externo. Essa afirmação é respaldada pela análise da balança comercial, que mostra que o queijo representa 40% do volume das exportações brasileiras para o segmento de lácteos, enquanto o leite fluido (10,7%), o creme de leite (6,8%) e o leite em pó (1,3%) enfrentam maiores dificuldades de competição.

É neste cenário que o Biopark atua, por meio do projeto de Queijos Finos e da Queijaria Flor da Terra, por base de ensino e pesquisa que levam o queijo paranaense a um novo patamar do cenário nacional. Um exemplo disso é a presença de dois queijos na Seleção Queijista, que está entre os dez melhores queijos do VI Prêmio Queijo Brasil.

“Desta forma, o Biopark, contribui para a mudança do cenário, em que a região Oeste paranaense antes reconhecida apenas por ser uma importante bacia leiteira em volume de produção, torne-se reconhecida pela qualidade dos queijos produzidos, agregando assim, valor ao leite, possibilitando novas expectativas de futuro para o segmento”, finaliza Henrique.

TOLEDO

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