Remoção de tumor cerebral maligno inaugura microscópio cirúrgico mais tecnológico de Cascavel

A neurocirurgia cascavelense entra agora em um novo capítulo. Na quinta-feira (21), no Policlínica Hospital de Cascavel a primeira retirada de tumor cerebral com a utilização no microscópio cirúrgico de última geração adquirido recentemente pelo hospital. A tecnologia do equipamento garante a precisão de procedimentos complexos, por meio da fluorescência. “Este novo microscópio, além da qualidade da imagem, que é em 4k, tem também o recurso da fluorescência intraoperatória, que permite ‘iluminar’ a lesão. Ao injetar no paciente uma substância que leva essa fluorescência, ele viabiliza que o tumor capte essa fluorescência e brilhe aos olhos, o que possibilita ao cirurgião ver exatamente onde o tumor começa e onde ele termina, ou seja, deixa mais evidente para o cirurgião o que é tecido saudável e o que é tumor, auxiliando na ressecção (retirada) do tumor de forma precisa e evitando consequências para o paciente, já que muitas vezes eles estão instalados em áreas muito nobres do cérebro, como era o caso desse paciente que operamos hoje”, explica o neurocirurgião do Policlínica, Marcos Galles.
O especialista reforça ainda que a precisão da identificação do tumor permite que a remoção seja feita de forma completa. “Sempre é um dilema entre a ressecção total, ressecção subtotal e ao mesmo tempo sem acrescentar consequências para o paciente, não trazer sequelas. Então essa tecnologia vem para te ajudar a ser cada vez mais preciso, tirar mais tumor e deixar cérebros limpos e preservados. O paciente de hoje já tinha tido uma cirurgia prévia, um tumor maligno no cérebro, que evoluiu para uma recidiva. Assim, ele foi submetido à rádio e à quimioterapia, mas os tumores cerebrais de alto grau reagem mal a esse tipo de situação, e a reoperação foi um recurso que acabamos utilizando como mais definitivo”, esclarece.
Diante da alta complexidade do procedimento, a remoção do tumor cerebral demandou o auxílio do também neurocirurgião do Policlínica, Lázaro de Lima. A soma da vasta experiência dos especialistas e a tecnologia do microscópio, colaborou para o sucesso do procedimento.

Ganhos em segurança e agilidade
Além da precisão do procedimento, compõem ainda a lista de benefícios do microscópio mais conforto e segurança ao cirurgião e agilidade em todo o processo operatório. “É um diferencial que deixa a gente muito mais confortável e seguro, além de proporcionar um ganho de tempo, porque você não precisa ficar procurando a lesão, aumentando a sua exposição para ter certeza que o tumor está todo localizado. Você faz a fluorescência intraoperatória e tem essa precisão de saber onde está o tumor a ser removido. Há uma economia de tempo cirúrgico e exposição do paciente a uma anestesia geral, exposição do cérebro, então tudo fica mais seguro, mais rápido e mais efetivo. Sem o microscópio, a duração da cirurgia que realizamos hoje passaria de 4 para 6 horas. E ainda temos a cirurgia totalmente documentada e essa gravação fica no arquivo do hospital”, afirma.

Monitorização intraoperatória
Somado à tecnologia do microscópio, outro recurso utilizado para a segurança do paciente é a monitorização intraoperatória. “Essa monitorização ocorre ao longo de todo procedimento. Conforme eu vou fazendo a retirada do tumor, um neurologista clínico, que tem experiência em monitorização intraoperatória, fica dentro da nossa sala cirúrgica com o paciente monitorizado e vai dizendo se o procedimento está trazendo alguma consequência ou não para o paciente. Então, durante a retirada do tumor ele pode me dizer se alguma região do cérebro vai começar a sofrer, eu consigo parar e fazer uma outra manobra para preservar as funções motoras e sensitivas do paciente. É um recurso que não existe em todos os hospitais, mas que traz muitos ganhos para o procedimento e o paciente”, explica o especialista.

Cirurgias vasculares
Além da realização de procedimentos de retirada de tumor cerebral, o microscópio também é utilizado em cirurgias vasculares intracranianas. “Para as cirurgias vasculares, tanto de aneurisma cerebral como de malformações arteriovenosas, esse equipamento traz um recurso importante e que não tínhamos disponível na cidade até esse momento, que é a angiografia intra-operatória (exame utilizado para visualizar os vasos sanguíneos).  Em uma cirurgia de aneurisma que é a mais comum, você às vezes coloca um clip (peça de metal colocada na base do aneurisma para impedir que o fluxo de sangue se acumule em seu interior) e precisa ter algumas informações para encerrar a cirurgia, por exemplo, se o aneurisma está totalmente ocluído, se você não incluiu artérias a mais, se a clipagem não apertou alguma artéria importante. Essas informações a gente só conseguia com exame de imagem pós-operatório e agora com o equipamento conseguimos fazer as imagens durante o procedimento, o que nos possibilita ver a necessidade de mais de um clip ou reposicionamento, podendo inclusive evitar uma segunda cirurgia. Então, o recurso da angiologia intraoperatória para a cirurgia vascular é fundamental, um divisor de águas”, completa Galles.

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