Reservatório natural da Sanepar nas cavas do Iguaçu armazena 2 bilhões de litros de água
O novo reservatório natural de água bruta da Sanepar na Capital possui 300 hectares e armazena 2 bilhões de litros de água, o suficiente para abastecer, sozinho, a população de Curitiba por até cinco dias. Ele poderá ser utilizado no abastecimento da Capital e de cidades vizinhas em momentos de estiagem ou na ocorrência de alguma dificuldade operacional emergencial, como um acidente.
O armazenamento faz melhor aproveitamento das águas já naturalmente encontradas nas cavas do Iguaçu, antigas escavações ao longo do Rio Iguaçu das quais eram retirados minérios, como areia e argila. As cavas receberam intervenções estruturais com base nos modelos de wetlands, permitindo a conexão entre as águas de cada cava e o represamento em espaços determinados.
“As intervenções da Sanepar transformaram as cavas em um reservatório que pode servir para o abastecimento público e, como ali ocorre um processo natural de filtração, estão sendo direcionados cerca de 150 litros de água mais limpa por segundo para o Rio Iguaçu, o que dilui e melhora a sua qualidade. Além disso, o represamento nas cavas também contribui para a contenção de cheias na região”, diz o diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Julio Gonchorosky.
O diretor relata que, durante as grandes chuvas registradas entre outubro e novembro de 2023 na região, o fluxo das águas foi invertido, enviando boa parte do excesso de água da chuva para as cavas e não para as comunidades do entorno. “Essa mudança na direção da água reduziu alagamentos em propriedades após as cavas e comprovou essa importante função das wetlands em relação à minimização de possíveis consequências das enchentes”, afirma.
Esse reservatório da Sanepar faz parte do projeto de Reserva Hídrica do Alto Iguaçu, lançado pelo Governo do Estado e que está acontecendo numa parceria que reúne Sanepar, prefeituras de Curitiba e Região Metropolitana e representantes de diversos setores em cerca de 150 km de extensão ao longo do Iguaçu, indo da Capital a Porto Amazonas.
Segundo ele, o projeto pode revitalizar até 20 mil hectares ao longo do rio quando estiver pronto. Atualmente, essas áreas enfrentam desafios em regiões altamente urbanizadas e densamente povoadas, onde as atividades humanas comprometem a qualidade da água e contribuem para a escassez hídrica.
“A revitalização colabora para a gestão ambiental e dos recursos hídricos. A Reserva Hídrica, além de armazenar água para beber e absorver parte de grandes volumes de chuvas que podem causar enchentes, também funcionará como corredor de biodiversidade, como um corredor de conservação. Tudo está dentro de um programa de mitigação e adaptação de mudanças climáticas, que estamos vendo ser cada vez mais urgente e necessário”, afirma.
WETLANDS – A palavra wetland vem do inglês (wet – molhado; land – terra) e é utilizada para denominar zonas úmidas, referindo-se a áreas periodicamente cobertas por água, de modo parcial ou total. A expressão define também alguns processos de melhoria da qualidade da água, como uma das Soluções baseadas na Natureza (SbN).
“Nessas zonas, existem plantas aquáticas cujas raízes retiram nutrientes da água, especialmente matéria orgânica, fósforo e nitrogênio, e mesmo alguns tipos de poluentes. Nesse modelo que aplicamos, a interligação das cavas promove mais circulação hídrica, devolvendo água de melhor qualidade ao Iguaçu”, acrescenta Gonchorosky.
AEN