Rotary Centenário promove palestras sobre papel da mulher na sociedade

Vivendo há 15 anos num universo onde o masculino é predominante, a tenente Marcela Schwendler, do Subgrupamento do Corpo de Bombeiros em Toledo, foi a convidada do Rotary Club de Toledo – Centenário para falar sobre o papel da Liderança Feminina, abrindo a série de programação em homenagem ao Mês da Mulher nesta terça-feira (7), na Casa da Amizade.

A presidente do RCT Centenário, Gabriela Campos Hidalgo de Almeida, destacou que no mês da mulher “pensamos em fazer uma programação um pouco diferente. É importante que o Rotary esteja antenado às pautas que envolvem a sociedade, como foi o caso deste encontro e dos próximos que virão”, disse Gabriela.

A presidente afirmou que a tenente Marcela esclareceu muitas dúvidas a respeito de como é o dia a dia de uma mulher dentro da corporação militar. “Mas além disso, trouxe como enfrentar desafios e lidar com os problemas de uma liderança da melhor forma, sendo você uma mulher ou não. Foi uma reunião muito acolhedora e cheia de troca de experiências”, comentou a presidente do clube.

LIDERANÇA É MELHOR CAMINHO – “Estou aqui não apenas como militar, mas a Marcela enquanto uma mulher que exerce uma função eminentemente masculina, um papel de líder”, disse ela que citou o período de sua formação na Academia Militar do Guatupê, na Região Metropolitana de Curitiba, onde está escrito que ali é “berço de líder, isso num ambiente militar, onde é mais fácil ser chefe”, apontou a militar. Segundo a tenente Marcela, o ambiente militar é pautado no pilar da hierarquia e disciplina, com respaldo da Constituição Federal e da Constituição Estadual. “Mas será que é o melhor para administração pública, num serviço que salva vidas, onde muitas vezes existe o sacrifício às vezes da própria vida em benefício do outro? Certamente não”, apontou ela.

RESPEITO – A tenente Marcela frisou que em determinadas situações do trabalho dentro do Corpo de Bombeiros, a palavra final precisa ser dela pelo cargo que ocupa, mas que procura ouvir a opinião dos outros porque é preciso trabalhar com a relação “ganha/ganha porque o objetivo de um é o objetivo de todos”, disse ela, destacando que um líder precisa ser visto como parte do processo e não como um mural de apedrejamento “porque é preciso tomar decisões e isso precisa ser respeitado. Há um determinado momento onde é preciso assumir esse papel de líder e suportar as consequências das decisões tomadas”, complementou.

A militar afirmou também ser de extrema importância o líder dar o devido feedback, em dar a devida devolutiva sobre qualquer assunto porque as pessoas esperam isso. “Você é uma boa líder quando consegue ponderar muitas coisas no dia a dia. É preciso se calar de vez em quando. É um conjunto de pequenas coisas que moldam o caráter e o papel de um verdadeiro líder”, argumentou. Marcela Schwendler acrescentou que “gente feliz, mais leve trabalha melhor e a produtividade é muito maior e o reconhecimento do esforço precisa ser feito, nem que seja com uma simples folga”.

DEDICAÇÃO – Apaixonada pelo trabalho, ela lembrou que a escolha pela carreira militar veio após desabafar com uma prima quando Marcela trabalhava num shopping em Curitiba. “Ela me disse que nunca estaremos numa condição ideal e num ambiente de trabalho, se você não concorda, se não está na função de liderança”.

Hoje dizendo ter um pensamento diferente frente a determinadas situações, a tenente reiterou que “a vida é muito curta para a gente ficar reclamando. Coisas ruins acontecem sem senso de justiça, de merecimento. Precisamos trazer para a aceitação. Às vezes coisas ruins acontecem”, resumiu.

“Hoje consigo levar a vida de maneira mais leve e consigo transmitir isso para minha equipe para que eles levem. Tento neutralizar qualquer comentário negativo e considerar o que for positivo”, acrescentou.

MACHISMO – Questionada sobre o problema do machismo dentro da corporação, a tenente Marcela Schwendler lembrou que machismo não é um problema do militar, é da sociedade como um todo. “É algo tão grave que a mulher quando responde algo, é ameaçada fisicamente, isso sem falar nas piadas humilhantes. A questão entra num âmbito global”, disse, reforçando que o Corpo de Bombeiros enquanto instituição tem a corregedoria que auxilia em apurar determinadas situações.

“Não preciso provar nada. Nenhuma mulher precisa provar nada para ninguém, a não ser para si mesma”, ensinou a militar, concluindo que “se alguém concorda ou não é um problema da pessoa. Fiquei mais forte em enfrentar as situações dentro da corporação. O líder pode errar sim e isso faz parte do aprendizado”.

Da Redação

TOLEDO

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