Rotary Centenário traz psicóloga para falar sobre violência contra a mulher

A psicóloga Cristine Bolzan Cogo realizou, nesta terça-feira (14), uma palestra sobre violência às mulheres e a rede de proteção dentro do município de Toledo durante reunião do Rotary Club de Toledo – Centenário, que durante o mês de março “está realizando encontro com o objetivo de discutir o papel e a valorização da mulher dentro da sociedade”, comentou a presidente do clube, Gabriela Campos Hidalgo de Almeida.

Atualmente lotada na Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Toledo, mais precisamente no CREAS I, Cristine explicou como funciona o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), que também atende a população LGBT. “A cidade tem um alto número de violência e isso não é exclusividade de Toledo”, afirmou ao lembrar que o serviço busca o fortalecimento da família no sentido protetivo; preservar a autonomia e integridade das mulheres; promover a reparação de danos e ainda evitar a reincidência de violações de seus direitos. “Esse é um trabalho especializado dentro do CREAS com vários recortes de atendimento, sempre pensando na proteção”, acrescentou a psicóloga.

VIOLÊNCIA É VIOLÊNCIA – Cristine Cogo abordou os vários tipos de violência (física, psicológica, moral, sexual, patrimonial e econômica) e ressaltou que “por menor que seja, qualquer violência é séria. Um xingamento é uma violência”, disse. Ela afirmou ainda que, apesar do de orientação, muitas mulheres não se visualizam como violentadas. Isso mesmo dentro do casamento. “Hoje só xingou, mas amanhã pode empurrar ou bater e é preciso trabalhar muito para as mulheres enxergarem essa graduação da violência. Quando conseguem enxergar, muitas vidas são salvas”, aponta a especialista.

Cristine destacou a importância de fazer Boletim de Ocorrência em casos de violência, por menor que sejam, e destacou a importância de Toledo ter uma Delegacia da Mulher. A psicóloga mencionou que a iniciativa de denunciar o agressor precisa partir da própria mulher. “A sociedade não pode falar por ela”, completou.

AUMENTO DE CASOS – Cristine Cogo ressaltou ser necessário “olhar para nós mesmos porque a violência não está apenas na televisão” e disse estar preocupada com a truculência dos casos que tem aumentado assustadoramente. Ela citou que este ano, por exemplo, os casos de enforcamento e queimaduras são os que mais têm aparecido.

“Toda sociedade é uma rede de apoio, mas a decisão de abrir é pessoal. Muitas vezes a mulher só chega até o serviço quando a violência está escancarada”, ressaltou ainda, citando que é necessário fazer um trabalho de conscientização pensando a longo prazo.

A especialista trouxe alguns números das violências sofridas pelas brasileiras. Por exemplo: 28,9% das mulheres sofreram algum tipo de violência ou agressão, ou seja, 18,6 milhões de mulheres no Brasil. A faixa etária de 16 a 24 anos é onde se concentra a maior parte dos casos e que 53,8% das agressões ocorrem em casa.

Hoje no Brasil 14 mulheres são agredidas por minuto com chutes ou socos.

Comparando 2021 com 2023 os dados são alarmantes: em alguns casos os índices dobraram, “o que demonstra a necessidade de debater cada vez mais este assunto”, citou Cristine Cogo.

A psicóloga mencionou que a questão do machismo é cultural e leva tempo para mudar a forma de pensar. “Hoje as mulheres estão falando mais e isso tem se refletido nos números”, finalizou.

Da Redação

TOLEDO

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