Saúde Mental Infantil: Como diagnosticar e cuidar de forma eficaz

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A saúde mental infantil é cercada por vários tabus. Esses tabus podem dificultar o acesso das crianças aos cuidados adequados. Um dos maiores é de que as crianças não têm problemas emocionais e comportamentais, ou seja, determinados comportamentos ainda são taxados como ‘frescura’.

“Imagine uma criança com dor nas costas: os pais não hesitam em levá-la ao médico, mas quando o problema é ansiedade ou dificuldades emocionais, nem sempre a busca por um especialista é vista como prioridade”, exemplifica a psicóloga infantil Mayara Fernanda Oliveira Corrêa. “Outro tabu comum é considerar comportamentos inadequados como simples ‘fases’ ou ‘birras’, esperando que se resolvam sozinhos com o tempo, sem necessidade de intervenção”.

A profissional cita que muitas pessoas ainda enxergam a psicoterapia infantil como um sinal de fracasso parental, quando, na verdade, é uma demonstração de preocupação genuína com a saúde emocional da criança.

“Para quebrar esses tabus é fundamental promover psicoeducação e conscientização, fornecendo informações acessíveis sobre saúde mental infantil em escolas, consultórios e grupos de pais. A normalização da busca por ajuda psicológica é essencial, mostrando que a psicoterapia não é apenas uma resposta para problemas graves, mas uma ferramenta de desenvolvimento das funções e habilidades das crianças”, destaca.

A terapia, de acordo com Mayara, deve ser vista como um investimento para o futuro. Segundo ela, a terapia ajuda a criança a se desenvolver emocionalmente e a se preparar para os desafios da vida adulta, com a colaboração dos pais no processo terapêutico.

Diagnóstico sobre Saúde Mental Infantil

Na análise da profissional, nos últimos anos, os transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada e fobias, têm se tornado cada vez mais prevalentes entre crianças e adolescentes. Ela pontua que a pandemia de Covid-19 foi um fator determinante, pois criou um ambiente propício ao desenvolvimento de sintomas ansiosos, com o isolamento social, a interrupção das rotinas escolares e a exposição constante a notícias alarmantes.

“Houve também um aumento significativo nos diagnósticos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esses aumentos refletem maior conscientização, avanços nas práticas diagnósticas e critérios mais abrangentes. Importante destacar que TDAH e TEA não são doenças, mas condições de neurodesenvolvimento que afetam o comportamento, a atenção e a comunicação de formas diferentes”, alerta.

Mayara acrescenta que crianças com TDAH ou TEA também estão mais vulneráveis ao desenvolvimento de depressão, especialmente se não recebem apoio adequado para enfrentar os desafios sociais e emocionais que essas condições trazem. Ela reforça que a combinação de apoio familiar, educacional e terapêutico é fundamental para promover bem-estar e prevenir o sofrimento psicológico associado.

Cuidados na Saúde Mental Infantil

Os cuidados com a saúde mental das crianças devem iniciar com o estabelecimento de rotinas saudáveis, que incluem sono adequado, alimentação balanceada e atividades físicas regulares. Além disso, é fundamental promover habilidades de regulação emocional desde cedo, por meio de jogos e atividades que ajudem a criança a nomear e lidar com suas emoções.

“Também é essencial orientar os pais sobre a importância do reforçamento positivo e da comunicação eficaz, para que possam substituir punições por estratégias que reforcem comportamentos desejáveis, como a paciência, o respeito e a autonomia. Para os pais que enfrentam dificuldades, é importante oferecer apoio contínuo, orientando-os sobre como reconhecer os sinais de estresse e ansiedade, tanto nos filhos quanto em si mesmos, e buscando estratégias para equilibrar a vida pessoal e profissional de maneira que favoreça o bem-estar emocional de toda a família”, recomenda.

Entre os sinais de alerta que indicam que uma criança pode precisar de ajuda profissional, Mayara pontua a atenção em relação as mudanças significativas no comportamento, como agressividade, isolamento social ou tristeza persistente –  esses são claros indicativos de que algo não está bem. “Além disso, dificuldades em controlar emoções, como explosões de raiva ou crises de choro frequentes, também são sinais importantes. Problemas com sono e alimentação, como insônia ou recusa alimentar sem motivo aparente, também devem ser observados. A literatura comportamental sugere que, caso esses sinais comprometam o desenvolvimento da criança e sua capacidade de socialização, os pais devem buscar ajuda especializada o quanto antes”.

Saúde Mental Infantil em Foco

A profissional salienta que a saúde mental infantil deve ser tratada com a mesma seriedade que a saúde física. “Infelizmente, ainda existem muitos tabus que dificultam o acesso das crianças ao apoio necessário, mas a psicoeducação e a conscientização são passos importantes para mudar essa realidade. A colaboração entre pais, educadores e profissionais de saúde é essencial para criar um ambiente favorável ao bem-estar emocional da criança. Identificar precocemente sinais de sofrimento emocional e agir de maneira preventiva são atitudes que garantem que a criança cresça de maneira saudável, resiliente e preparada para os desafios da vida”, enfatiza.

Da Redação

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