Saúde ocupacional: do uso dos EPI’s a prevenção de doenças

A campanha Abril Verde visa promover reflexões em relação aos cuidados no ambiente de trabalho para a promoção da saúde de todos que estão nesse espaço. O mês foi escolhido devido a data de 28 de abril: Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho e Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. A conscientização sobre as medidas de segurança e uso dos de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) ganham reforços e a saúde ocupacional também evidência a importância da atuar no setor preventivo.

Há empregos que não apresentam um cenário propício para que ocorra algum tipo de acidente. Contudo, outros já estão em condições mais vulneráveis devido ao trabalho praticado. O setor da construção civil, por exemplo, precisa atender uma série de exigências para que o trabalhador no campo de obras possam exercer sua função com segurança. Já o setor industrial exige uma logística bem elaborada para que os empregados tenham condições seguras de trabalho.

“Promover a segurança no trabalho envolve o fornecimento e acompanhamento do uso adequado dos EPI’s, espaço propício para a prática do trabalho, ou seja, estrutura física, além do cumprimento das exigências previstas em lei, entre outros fatores que contempla essa esfera que propicia as condições de trabalho”, relata a técnica de segurança do trabalho, Patrícia Frâncisco.

Para a profissional, as campanhas do Abril Verde colocam o assunto em discussão. Ela relata que a segurança no ambiente de trabalho é algo cotidiano, contudo, o assunto é versátil e podem surgir outras necessidades para que o ambiente esteja seguro, pois com a disseminação da importância dessas práticas de segurança é possível fortalecer a cultura preventiva e organizacional para um espaço de trabalho mais seguro.

CONSTANTE PROTEÇÃO – Na avaliação de Patrícia, o uso adequado do EPI é fundamental para a proteção de riscos que ameaçam a segurança e a saúde no ambiente de trabalho. “Além de oferecer o equipamento é fundamental orientar a maneira correta de usar e promover a conscientização para que aconteça o uso, ou seja, o trabalhador – que executa uma função que exige proteção – precisa estar ciente de que o uso não interfere na realização da atividade, no sentido de atrapalhar seu desempenho, mas sim garante que ele tenha mais segurança”.

Segundo a técnica, as ações do Abril Verde precisam acontecer o ano todo. Ela pontua que os treinamentos precisam ser constantes e dinâmicos. Patrícia também comenta que o ideal é buscar as novidades no mercado, promover capacitações e ter comprometimento com esse tipo de ação.

Quanto mais habituado o trabalhador estiver, mais os cuidados farão parte do cotidiano. Patrícia reforça que a experiência pode fazer com que muitos trabalhadores deixem de utilizar os EPI’s e essa ‘autossuficiência’ tende a expor o colaborador dando espaço para que acontece algum tipo de sinistro pela falta de cuidado e não pela carência de condições de segurança no ambiente de trabalho.

NORMAS REGULAMENTADORAS – Em 2019, as Normas Regulamentadoras (NR’s) – dispositivos legais referentes a segurança e saúde do trabalho, que devem ser seguidos por empresas privadas e públicas – passaram a ser revisadas e no início deste ano (dia 3 de janeiro) entraram em vigor as novas versões.

“Com a vigência das novas NR’s, o Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) envolve os cinco pilares de riscos ocupacionais que são: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. O PGR de empresa tem o intuito de definir as diretrizes e a sistemática na apontamento e análise dos eminentes perigos e riscos das atividades desenvolvidas no locais. É uma ferramenta que visa apontar se existem atividades perigosas, quando há risco é importante realizar uma análise do contexto e adotar as medidas corretas de contenção e, caso não seja possível extinguir os fatores de risco, é fundamental achar alternativas de permitam mais controle”, declara.

O BEM MAIOR É A VIDA – “Existem acidentes que podem ser evitados. Sempre que ocorre um sinistro não é apenas a vítima lesada, mas também seus familiares, a equipe, o empregador. Acontece um efeito em cadeia que desestrutura a rede de trabalho. Existem casos –especialmente quando acontece um óbito – em que o empregador pode demorar anos para obter sua recuperação financeira e emocional”, aponta Patrícia.

SAÚDE MENTAL – O psicólogo, Silvio Vailão, alerta que a saúde no ambiente de trabalho envolve mais o uso de EPI’s. Ele destaca que existem aspectos psicológicos que podem causar acidentes de trabalho e que quando a segurança do trabalho caminha com a psicologia ocupacional é possível construir possibilidades para a proteção e a conscientização dos trabalhadores.

“A psicologia ocupacional tem atuação no papel organizacional da empresa, ou seja, na programação do conhecimentos sobre segurança, com participação prática na realização de capacitações que enaltecem a saúde no trabalho de maneira geral”, exemplifica.

Um dos papeis da psicologia em relação ao suporte à saúde mental na empresa é a possibilidade de identificação de doenças associadas à atividade. Vailão pontua que os riscos físicos eminentes, por exemplo, profissional que executa trabalho que envolve energia elétrica, é mais evidente do que perceber um quadro de depressão, estresse, uso excessivo de bebidas alcoólicas, entre outras doenças que podem estar associadas as dificuldades enfrentadas dentro do espaço laboral.

“O profissional da área da saúde mental auxilia na identificação dos problemas, doenças e distúrbios que podem ter relação com o espaço de trabalho, afinal, são pessoas trabalhando com pessoas, para pessoas, que vivem situações de pressão, de estresse, entre outras que podem interferir na qualidade de vida, no comprometimento da saúde e no resultado final do trabalho”, alerta.

Sobre as situações de acidentes que podem ter sido desencadeadas por problemas voltados a saúde mental, o psicólogo cita que a junção da fadiga mental e fadiga física pode potencializar o risco de acidente. “Quando ocorre a saturação da percepção com o retardo do estímulo de ação ou a provação de respostas automáticas podem ter como consequência um acidente de trabalho. Tudo o que é possível evitar deve ser evitado, especialmente, quando o assunto é saúde e a preservação da vida”, retrata.

Da Redação

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