Sem energia: comunidade de Linha Tapuí une forças para buscar uma solução
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As quedas de energia elétrica ocorrem com frequência em Toledo e elas continuam causando prejuízos aos moradores, entre eles, os da Linha Tapuí. A comunidade já ficou 24 horas sem luz. Um novo episódio foi registrado nesta semana e, na última quinta-feira (30), os moradores se uniram e decidiram buscar por soluções. A equipe do JORNAL DO OESTE esteve no local e conversou com alguns moradores.
A moradora da Linha Tapuí e professora aposentada Marisa Cereja Giacobbo conta que a família de seu esposo possui um sítio na comunidade há mais de 30 anos. No local, ele e Marisa residem – efetivamente – há dois anos. “A produção é para consumo da família. Nós temos vacas, suínos, aves; todos para o nosso consumo”, enfatiza.
A surpresa de Marisa está na recorrência da queda de luz na comunidade. “Na primeira vez, nós ficamos 24 horas sem luz. Quando morava na zona urbana, isso nunca havia acontecido. Aqui, ficamos sem energia toda a semana. Na Copel, ninguém nos dá uma resposta. Eu faço os protocolos, porém sem êxito”.
A professora aposentada complementa que a sua produção é própria, porém existem outros produtores naquela região e que estão com grandes prejuízos. “O meu freezer já queimou. A minha carne estragou. A caixa d’água deve estar sempre cheia. Quando falta luz precisamos racionar a água, porque a prioridade é o animal. Não lavamos roupa ou limpamos a casa”.
Por isso, a comunidade decidiu se mobilizar. “Queremos ser vistos e nos fazer ouvir. A Companhia cobra a nossa luz e o pagamento da nossa tarifa está em dia. Contudo, não temos o serviço que merecemos”. Ela acrescenta que todos os moradores merecem mais respeito. “Nós pagamos e desejamos receber uma energia de qualidade”.
OSCILAÇÃO – O produtor de suínos Valdecir Bellaver possui a granja desde o ano de 2019 e reside na comunidade há anos. Ele concorda com Marisa e ainda cita outro problema: a energia retorna, porém ela oscila. “Com isso, os motores não aguentam, porque quando retorna a luz, todos ligam ao mesmo tempo e se dá queda de luz, ocorrem problemas. Quem vai pagar o custo do eletricista? Na Copel, eles dizem que vão resolver, mas nada acontece. Não queremos brigar com ninguém; só estamos reivindicando algo que pagamos caro”.
Valdecir possui um berçário com cerca de dez mil suínos e a energia contribui para manter o ambiente aquecido e as demais atividades. “O problema da falta de luz é sério para a comunidade. São motores e sensores que queimam o tempo todo”, relata.
No último sábado (25), a energia faltou próximo do meio-dia e retornou somente por volta de 22h30. “Os proprietários de granja ou de piscicultura sofrem as consequências. O meu primo produz peixe e ele perdeu todo o lote de peixe, porque faltou o oxigênio. Um prejuízo estimado em mais de R$ 350 mil. Os peixes estavam prontos para serem entregues e todos morreram”, afirma o produtor.
Ele complementa que as quedas de energia acontecem a qualquer momento do dia. “No município, as soluções acontecem em minutos e no interior são horas. “Duas horas sem energia resultam em um grande prejuízo para o produtor de suíno, ave ou peixe. Até quem produz queijo é prejudicado, pois precisa refrigerar e o queijo perde a qualidade. A sensação que temos é que estamos sendo punidos pela empresa”.
ECONOMIA – O produtor de grão Carlito Giacobbo possui uma propriedade considerada de pequeno porte. “Com frequência estamos ficando sem energia para a suinocultura. Um jantar a luz de velas com minha esposa é algo bem romântico. A minha esposa gosta, mas quando são várias vezes, ela começa a reclamar”, brinca o produtor ao lamentar os prejuízos causados pela queda de energia.
“O prejuízo é grande, porque ele acontece em larga escala. O agricultor cresceu! Ele é uma empresa que gera economia para Toledo, para o Estado e para o Brasil. O investimento que o produtor do campo realiza e o resultado que ele apresenta não está sendo dada a devida importância. O agricultor é sozinho e agora as comunidades estão se unindo e lutando por algo melhor”.
OPERAÇÃO – A equipe do JORNAL DO OESTE manteve contato com a assessoria de comunicação da Companhia Paranaense de Energia (Copel) e relatou a situação da comunidade de Linha Tapuí.
A Copel informa que “identificou um problema em um componente da subestação Toledo, já retirou o equipamento de operação e acionou a garantia do fabricante”.
De acordo com a Companhia, “a empresa também está trabalhando para minimizar a ocorrência de desligamentos por intervenções externas sobre a rede elétrica do município, como o temporal ocorrido no último dia 25 e a interrupção no fornecimento que afetou a região central do município na tarde de quinta-feira (30)”.
Sobre esta ocorrência mais recente, a Copel restabeleceu o fornecimento aos 3,6 mil domicílios afetados e investiga a origem do evento. A queda de energia da Copel refletiu nos semáforos de Toledo. Muitos pontos ficaram desligados na área central. “No momento estamos com um desligamento acidental em uma rede de média tensão, que atende parte da Avenida Maripá e até parte da Avenida JJ Muraro. Equipes verificando todo o trecho para religar”, pontua o secretário de Segurança e Mobilidade Urbana Rogério de Lima.
Da Redação
TOLEDO
Estratégias
A queda de energia foi tema de uma reunião na Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). De acordo com a assessoria de comunicação, uma reunião aconteceu nesta semana com o diretor-geral da Copel Distribuição, Marco Antonio Villela de Abreu. Ele esteve acompanhado pelo diretor comercial Julio Omori e pela diretora de Operação e Manutenção, Karine Torres. Além deles, presidentes dos Sindicatos Rurais da Região Oeste participaram do encontro. O grupo discutiu estratégias e soluções que garantam energia de qualidade para os produtores rurais do Paraná.