Seminário Internacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas acontecerá em Toledo

Dados da Organização das Nações Unidos (ONU) mostram que o tráfico de pessoas atinge pessoas em todo o mundo. As vítimas – em sua maioria – são mulheres ou crianças. Um crime que vai muito além do rapto ou da negociação do ser humano para, por exemplo, o tráfico de órgãos. O município de Toledo receberá, no dia 29 de julho, o 8º Seminário Internacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. O encontro é realizado pela Cáritas com o apoio da Embaixada Solidária e patrocínio da Itaipu Binacional. O evento acontece no auditório da Pontifícia Universidade Católica (PUC), campus Toledo.

Segundo um dos organizadores do evento, José Carlos Souza da Silva, também membro da diretoria da Cáritas e coordenador da Câmara Técnica de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, o evento terá a participação de lideranças e de agentes que combatem o tráfico de pessoas em âmbito nacional e internacional.

O Seminário faz parte da Campanha Coração Azul, que é realizada pela ONU em âmbito mundial e tem como ponto central o dia 30 de julho, Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. “Precisamos compreender a temática nos eixos da prevenção, do acolhimento às vítimas e na responsabilização dos grupos criminais”, conta Silva ao complementar que serão disponibilizados materiais aos participantes, como cartilhas abordando a temática.

CASOS – Um crime sem estatística, no entanto, com o registro de casos isolados. A região Oeste do Paraná tem a presença do mercado ilegal do migrante. “É usada da boa-fé da pessoa ou de sua vulnerabilidade e alguém tira proveito do próprio”, comenta um dos organizadores do evento.

Muitos casos não podem ser trazidos a público. Pedido de socorro, acolhimento ou denúncia nem sempre são registrados. Infelizmente, a vítima – muitas vezes – está vulnerável. Silva destaca que esse crime é fácil de ser ocultado e ser travestido de outros crimes, como trabalho escravo, exploração sexual de criança ou de adolescente, enfim. Ele explica que antes destes crimes citados, anteriormente acontece o transporte ou o convencimento de um ser humano. Tais situações são características do tráfico de pessoas. “É um crime fácil de ser ocultado ou ser travestido por outros crimes”, enfatiza.

Aproximadamente 200 pessoas são esperadas para o Seminário, em Toledo. “Nós pretendemos engajar cada participante para que seja um agente de combate ao tráfico; um multiplicador da informação e da prevenção. O tráfico existe, ele é perigoso e precisa ser combatido. O melhor combate é a informação”.

INFORMAÇÃO – No ano passado, a fundadora e presidente da Embaixada Solidária, Edna Nunes, foi convidada para apresentar o trabalho da entidade no evento. Paralelo a isso, ela apresentou alguns casos e, desde aquela data, as ações – em conjunto – são realizadas. “Toledo está localizado em uma região de fronteira e, por isso, a importância de discutir a temática e promover a formação no município, já que a sociedade tem resistência em debater esse tema”.

Edna Nunes revela que precisou cinco anos para conseguir identificar esse tipo de crime e ela afirma que entrou em estado de choque. “Hoje, acredito que ‘alimentava’ a vítima e o bandido na mesma mesa. Confesso que tentei negar, porém busquei informação e consegui compreender como tudo acontecia. Com o Seminário, pretendo desmistificar o assunto. Que as pessoas possam entender como é a realidade”.

A presidente da Embaixada Solidária pondera que o risco será sempre maior para a mulher ou para a criança. “Que as pessoas estejam preparadas quando encontrarem uma das vítimas. Em muitas situações, a vítima não tem consciência que foi traficada ou contrabandeada, porque ela não tem amigos ou uma rede de contatos”.

Edna ainda salienta que o contrabando é naturalizado em muitas comunidades, devido a miséria, a corrupção, enfim. “Como se fosse algo normal, pegar uma pessoa e levá-la para outro país. Trata-se da escravidão moderna”.

Uma estratégia adotada pela fundadora da Embaixada Solidária é desenvolver o relacionamento com cada pessoa. “É uma maneira de identificar um possível caso de tráfico. Além disso, a vigilância social fortalece o laço, pois quando a pessoa se sente em segurança, ela realiza a denúncia”, comenta Edna ao complementar o cuidado em manter o sigilo, porque a pessoa está em situação de tráfico e parte da quadrilha está com a sua família.

Da Redação

TOLEDO

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