Sinal de alerta: quase 60% dos paranaenses têm algum grau de obesidade
Segundo pesquisa Realizada pelo Conselho Nacional de Nutricionistas, o índice da população do Paraná diagnosticada com algum grau de obesidade, entre crianças, adolescentes e adultos, chegou a 59% no ano passado. O estudo revelou um aumento de 18% em dez anos. Já o número de adolescentes nesta situação praticamente dobrou no mesmo período. Em 2013, 8,4% dos adolescentes no Paraná apresentavam algum grau de obesidade. Em 2023, 16,65% dos adolescentes apresentaram algum grau de obesidade. Em 2013 chegando a 16,65% até agosto de 2023. Já em crianças os dados praticamente permaneceram estáveis neste período. Em 2013, o levantamento apontou 6,7% deste público diagnosticados com obesidade e, em 2023, o número é de quase 6%.
Segundo o cirurgião bariátrico Diogo Kfouri, do Pilar Hospital, a mudança desses números começa já na infância. “Temos que combater a obesidade infantil, que é aí que o paciente começa a desenvolver a doença. Então, os pais devem levar para casa alimentos saudáveis e também mudar seus estilos de vida. Além disso, há prevenção com alimentos mais saudáveis, com a prática de atividades físicas. E é claro, quando chega um nível na qual o paciente não consegue perder de forma natural, aí existem as possibilidades de tratamento, ou clínico, com medicamento, ou endoscópico, através do balão, e também, em último caso, quando a pessoa não consegue perder peso e tem um índice de massa corporal de acima de 40 ou acima de 35 associada com morbidades, podemos indicar a cirurgia bariátrica”, explicou o médico.
Brasil Pós Covid
O Brasil pós pandemia de Covid 19 traz dados preocupantes sobre a saúde de sua população quando o assunto é sobrepeso e obesidade. Se alimentando mal, comendo menos frutas e verduras e bebendo mais bebidas alcoólicas, mais da metade dos brasileiros está acima do peso ou já é considerado obeso. Entre jovens com idade entre 18 e 24 anos, a preocupação é ainda maior, já que a obesidade cresceu 90% nessa faixa etária nos últimos quatro anos. Os dados são parte do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia desenvolvido pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas), divulgada no final do ano de 2023.
Em dados gerais da população, o estudo mostra que 61% dos brasileiros está com excesso de peso. Brasileiros com idade entre 45 e 54 anos representam 68% dessa população com excesso de peso. Além disso, 10,3% da população brasileira têm diagnostico médico de diabetes, uma das doenças causadas pela obesidade.
Segundo Kfouri, o quadro atual é alarmante e os motivos são conhecidos tanto da comunidade médica, quanto da sociedade, pois são temas debatidos com frequência e em caráter preventivo. “O índice de sobrepeso e obesidade é alarmante e cada vez cresce mais, então os fatores que acabam sendo fatores de causa de sobrepeso e obesidade são o sedentarismo, um ritmo de vida muito acelerado, na qual as pessoas não conseguem fazer exercícios físicos e comem de forma errada. Podemos incluir aí também a alimentação ultraprocessada (alimentos hipercalóricos), que é extremamente palatável, porém com baixo teor nutritivo e alto índice calórico. Então o paciente acaba tendo um ganho de peso muito grande e acaba não fazendo exercícios físicos para queimar esse peso, então esses são os principais fatores de sobrepeso e obesidade no Brasi”, explicou o médico.
Fastfood cresce e alimentação saudável em queda
Uma pesquisa realizada pela Kantar, empela global de pesquisas qualitativas e quantitativas para o mercado, levantou um aumento no número de consumidores de Fastfood no Brasil, em 2023. A sondagem mostrou que mais de 13 milhões de brasileiros tinham como refeição principal o fastfood. Em comparação ao ano anterior, o crescimento foi de 38% no número de brasileiros optando por fazer alguma refeição do dia com fastfood.
Ao mesmo tempo, o consumo de legumes e verduras está em baixa no cardápio dos brasileiros na vida pós pandemia. Dados do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia mostram uma redução de 12,1% no número de brasileiros que comem regularmente legumes e verduras nas refeições. Isso significa que, se antes da pandemia, 45,1% dos brasileiros afirmavam comer verduras e legumes regularmente, no pós pandemia, apenas 39,5% dos brasileiros manteve na dieta os vegetais e legumes. O mesmo acontece com o consumo de frutas que teve uma queda 11%. O estudo revela ainda que no Brasil pós pandemia, 26% dos homens e 15% das mulheres no Brasil afirmaram fazer uso abusivo de álcool.
Para médico Diogo Kfouri, a pandemia colaborou para a deterioração da qualidade alimentar do brasileiro. “A pandemia contribuiu com o aumento dos índices de obesidade e sobrepeso, principalmente por pessoas ficarem em casa e mais sedentárias, com receio de contrair o vírus. Porém, a pandemia já terminou e muita gente ainda não voltou a um ritmo mais saudável de vida e isso infelizmente fez com que contribuísse mesmo com o aumento da obesidade”, esclareceu Kfouri.