Situação dos moradores de rua preocupa lideranças em Toledo

No dia 1º de março o corpo de um morador de rua foi encontrado em frente à Igreja São Cristóvão, na Vila Industrial. Foi o ápice de uma situação que tem se intensificado em Toledo nos últimos meses: o aumento considerável de moradores de rua na cidade. A população de vários bairros onde esses grupos se concentram reclamam da insegurança. Não por acaso, na mesma semana deste caso na Industrial, foram registrados vários pequenos furtos e roubos e até mortes envolvendo moradores de rua.

O problema é grave e tem preocupado o capitão Jimmy Cajuhy Carlesso, comandante da 1ª Companhia do 19º Batalhão da Polícia Militar em Toledo. “A situação dos moradores de rua está ficando difícil”, admite o militar, emendando: “Mas felizmente temos conseguido dar uma resposta à sociedade, localizar os autores dos crimes e fazer as prisões”.

E o esforço da polícia é nítido, entretanto, a questão está ultrapassando o limite da área de segurança pública para se tornar um problema social. Tanto que uma reunião com a Prefeitura de Toledo foi agendada no sentido de se buscarem soluções para desenvolver em conjunto. “Queremos desenvolver um projeto para tentar minimizar este problema”, adianta capitão Cajuhy.

Ainda de acordo com ele, a condição de Toledo é boa quando comparada com outros municípios com população semelhante, “mas precisamos buscar sempre a melhora”.

O comandante da 1ª Companhia diz ter notado a incidência de alguns roubos, alguns praticados por moradores de rua fazendo a menção de estarem armados, “simulando ter uma arma de fogo, mas tem conseguido efetuar a prisão. É preciso ficar atento”, resume.

DADOS – Dados do 19º Batalhão da PM, relativos ao fim do mês de fevereiro, apontam que este ano foram cometidos 227 furtos em Toledo, sendo 27 no comércio. Em relação ao número de roubos, foram 35, sendo 4 no comércio este ano. A corporação ainda apurou o número de casos onde houve perturbação do trabalho, com 47 casos registrados no total, sendo 5 no comércio.

Furtos

2018   2019   2020   2021   2022   2023*

2.026  1.422  1.281  1.270  1.642  227

*Até 27 de fevereiro

Roubos

2018   2019   2020   2021   2022   2023*

163     172     105     111     133     35

*Até 27 de fevereiro

Perturbação

2018   2019   2020   2021   2022   2023*

290     350     365     376     253     47

*Até 27 de fevereiro

Secretária de Assistência Social defende trabalho realizado

Secretária destacou que no município as pessoas em situação de rua acompanhadas pela Equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social – Foto: Divulgação

A secretária de Assistência Social da Prefeitura de Toledo, Solange Silva dos Santos Fidelis, concedeu uma entrevista exclusiva ao JORNAL DO OESTE e falou sobre como está sendo conduzido o trabalho junto aos moradores de rua. Confira a entrevista:

Jornal do Oeste – Qual tem sido a política da Secretaria em relação aos moradores de rua?

Solange – Em relação às ações da Secretaria Municipal de Segurança e Mobilidade Urbana às pessoas em situação de rua, são realizadas as abordagens e orientação para o atendimento através da Equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social do CREAS II.

Em relação às intervenções da Política de Assistência Social, há o Serviço de média complexidade denominado Serviço Especializado em abordagem Social, que tem entre seus objetivos o atendimento à população em situação de rua, seja através de busca ativa nas ruas, como o atendimento através do CREAS 2, onde a população em situação de rua é referenciada na Política de Assistência Social.

Este serviço é ofertado para pessoas que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência. Tem a finalidade de assegurar atendimento e atividades direcionadas para o desenvolvimento de sociabilidades, na perspectiva de fortalecimento de vínculos interpessoais e/ou familiares que oportunizem a construção de novos projetos de vida.

O Serviço possui uma equipe de referência com profissionais Assistentes Sociais e Assistentes em Desenvolvimento Social, que realizam o atendimento à população em situação de rua. O Serviço deve visa contribuir com a resolução de necessidades imediatas e promover a inserção na rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas na perspectiva da garantia de direitos. Tem como propósito ainda, construir estratégias para o processo de saída das ruas e possibilitar condições de acesso à rede de serviços e a benefícios assistenciais.

Destaca-se que os atendimentos do Serviço Especializado em Abordagem Social acontecem de três formas: Demanda espontânea na sede do CREAS II, recebimento de denúncia pela rede e população e através da busca ativa em que a equipe se desloca para realizar a Abordagem Social nos locais. O atendimento possui a finalidade de identificar as demandas da população atendida e os possíveis encaminhamentos, tais como: regularização da documentação civil, Cadastro Único para Programas Sociais, Concessão do Benefício Eventual de Passagem, Contato telefônico com familiares, articulação e encaminhamento para a rede de atendimentos, encaminhamento para o Acolhimento Institucional Casa de Passagem, encaminhamento para atendimento em saúde, acesso aos restaurantes populares para alimentação e entrega do Benefício Eventual de Kit Higiene ou passagem quando for o caso.

Em complementaridade, há o encaminhamento das pessoas em situação de rua para inserção no Serviço de Acolhimento Institucional na modalidade de Casa de Passagem que trata-se do “Acolhimento provisório para as pessoas de ambos os gêneros e/ou grupo familiar. É previsto para pessoas em situação de rua e desabrigo por abandono, migração e ausência de residência ou pessoas em trânsito e sem condições de autossustento.”

J.O. – Está sendo feito algum tipo de cadastramento dessas pessoas?

Solange – A Equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social atualmente acompanha 51pessoas em situação de rua e no município de Toledo. No nosso banco de dados constam total de 81 pessoas em situação de rua que possuem Cadastro Único para Programas Sociais, sendo que destes 51(cinquenta e um) acessam o Auxílio Brasil, benefício de transferência de renda.

Além disso, as pessoas em situação de rua acessam a alimentação sendo liberados aproximadamente 300 vales mensais, através da parceria realizada com a Cozinha Social, através dos Restaurantes Populares.

J.O. – Elas têm opção de abrigo?

Solange – No município as pessoas em situação de rua acompanhadas pela Equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social e que são perfil para o atendimento no acolhimento institucional e que aderem a esta modalidade de serviço, são encaminhadas para inserção na Casa de Passagem.

J.O. – Está sendo feito algum tipo de trabalho com as forças de segurança no sentido de coibir crimes?

Solange – As forças de segurança têm realizado rondas regulares no município de Toledo.

J.O. – E quanto ao consumo de drogas?

Solange – No âmbito da saúde, a população em situação de rua que então em Toledo são referenciados ao serviço do CAPS AD III/SIM-PR para possível tratamento voluntário da dependência química, pois esse serviço atendente como porta aberta, fica aberto por 24h e está disponível a procura em livre demanda, e possibilita o acolhimento integral por 14 dias para desintoxicação. Caso seja identificado que o cidadão é residente do município de Toledo, mas está em situação de rua no momento, é possível vinculá-lo também ao CAPS AD municipal, para articulação com a rede de serviços e família.

Em relação às equipes de segurança atuam no sentido de coibir o consumo de drogas.

J.O. – Há relatos de agressões – físicas e verbais – em vários pontos da cidade por parte destes moradores de rua com pessoas dos bairros. A senhora tem conhecimento?

Solange – Não tenho conhecimento, e de acordo com equipe da Secretaria de Segurança e Trânsito, também não. O que pode ocorrer é confusão de informações entre pessoas que não estão em situação de rua, e que fazem uso de drogas, e por vezes com conflitos e brigas, são confundidos com pessoas em situação de rua.

Há por vezes situações de população em situação de rua que por também estar sob efeito de drogas possa ter atitudes mais agressivas, o que sempre é orientado que quando ocorrer, deve ser acionado os órgãos de Segurança.

J.O. – É possível, por exemplo, pessoas de outras cidades/estados serem encaminhadas aos seus locais de origem ou não?

Solange – Quando se trata de pessoas em trânsito pelo Município, no atendimento é realizado os procedimentos do Protocolo de Passagens, com orientações, contato com familiares e a disponibilização de passagem observando a região de cobertura do Município.

Márcio Pimentel

Da Redação

TOLEDO

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