Soja: condição climática pode interferir no desenvolvimento do grão

Se as chuvas que encerraram o inverno deste ano contribuíram para o plantio da safra 2022/23 de soja, agora elas precisam retornar neste estágio da produção. O grão possui uma área de 489.905 mil hectares e com uma projeção de produtividade de 1.837.143 toneladas na Regional de Toledo, de acordo com os dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

A expectativa de produtividade realizada é conforme uma condição normal de clima para o bom desenvolvimento das lavouras. No período anterior (2021/22), a área inicial da soja foi de 488.745 hectares, no entanto, foram colhidos 467.338 hectares, com uma produção de 325.393 toneladas, uma quebra de 82%, resultado do período de seca que atingiu a região.

O técnico do Deral, Paulo Oliva, explica que parte do impacto registrado na agricultura possui influência do fenômeno La Ninã, o qual altera o regime de chuva em todo o planeta e afeta diversas culturas. “Nos meses de setembro e outubro deste ano, a Regional de Toledo teve excedente de chuva. A quantidade que choveu é a ideal para uma safra inteira, desde que bem distribuída”.

Oliva complementa ainda que as chuvas continuaram regulares em novembro na Regional de Toledo. “Já em dezembro, as chuvas estão parciais e mal distribuídas. Essa situação traz preocupação ao produtor rural. A chuva deveria ser uniforme e o agricultor aguarda essa condição”.

Do contrário, o técnico do Deral comenta que a produtividade poderá reduzir. “Com o começo do verão, a expectativa é que a chuva retorne de forma uniforme e com densidade. Essas chuvas com sete ou oito milímetros não trazem resultados significativos”, declara.

CONDIÇÃO – De maneira geral, a demanda hídrica para o desenvolvimento desta safra é alta. Neste momento, 55% do grão está no estágio de floração; 40% de frutificação e 5% de desenvolvimento vegetativo na Regional de Toledo. “Exige uma demanda muito grande de umidade. As chuvas – que ocorrem de forma parcial – beneficiam somente algumas áreas. A fase do ciclo do grão necessita de uma demanda maior de umidade”, afirma Paulo Oliva.

Na Regional 55% do grão está no estágio de floração; 40% de frutificação e 5% de desenvolvimento vegetativo – Foto: Graciela Souza

De acordo com o técnico do Deral, a previsão de chuva está frustrada. “Nós precisamos que as chuvas se concretizem. Mas sabemos que é um ano de La Ninã e essa condição é típica da estação. É complicado acompanhar as chuvas em excesso em Santa Catarina e quase nada no Paraná”.

Oliva enfatiza que o quanto antes as chuvas chegaram na lavoura, mais cedo será possível minimizar os problemas por falta de chuva. “A partir de agora, é o clima o responsável pelo desenvolvimento de cada área”.

CLIMA – O verão começou, oficialmente, nesta quarta-feira (21) às 18h48 (horário de Brasília), para a maior parte do território brasileiro. Nesta estação, uma messa de ar seco deve se espalhar pela região Sul do Brasil, avançando sobre o centro-sul de Mato Grosso do Sul e pelo Oeste de São Paulo.

Conforme o professor de Agrometeorologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Alexandre Luís Müller, existe a expectativa de chuva para melhorar a condição na lavoura. “A situação ocorrida nesta safra é semelhante a anterior, ou seja, está faltando chuva no período em que a soja mais precisa de água ou de umidade”.

Müller informa que as previsões mostram existe uma situação de La Ninã atuando pelo Brasil. Com isso, existe menos quantidade de chuva no verão para a região Sul do País e o Norte com mais chuva. “Alguns meteorologistas ponderam que pode haver uma pequena mudança, mas não acredito para esta safra”.

O professor menciona que o principal problema é a temperatura elevada. “O verão possui uma grande quantidade de luz solar e a água é evaporada de maneira mais rápida pela planta. São situações que podem agravar o desenvolvimento do grão. As lavouras de soja iniciam o processo de enchimento do grão e este é o período em que a planta mais precisa de água. Além disso, um veranico pode trazer prejuízo para a área plantada”, explica Müller. A colheita da safra de soja deve acontecer em meados de fevereiro do próximo ano na Regional de Toledo.

IDR-PR tem registros de esporos de ferrugem asiática da soja em vários coletores

Esporos de Phakopsora pachyrhizi, agente causal da ferrugem asiática da soja, vistos no microscópio – Foto: Divulgação

A ferrugem asiática é uma das doenças da soja que mais preocupa os produtores de soja. Quando não controlada pode provocar perdas no rendimento de grãos, de acordo com informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é uma doença que teve origem na Ásia e surgiu pela primeira vez no Brasil, no Paraná, durante a safra 2001/2002.

Atualmente, a ferrugem asiática ocorre em praticamente todas as regiões produtoras de soja do país. O engenheiro agrônomo do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) Anderson Luis Heling comenta que os produtores fizeram, a princípio, os tratos culturais na lavoura. No entanto, já existem registros de esporos da ferrugem em diversos coletores instalados pela equipe de monitoramento do IDR-PR.

Helling destaca que os coletores registraram os sintomas da ferrugem asiática em plantas nos municípios de Nova Santa Rosa, Palotina e Terra Roxa. Ele explica que “os esporos são como ‘sementes’ do fungo e são transportados por longas distâncias por correntes de ar. Já os sintomas em plantas ocorrem após a germinação e penetração desse esporo, causando urédias, que são lesões nas folhas”.

O engenheiro agrônomo do IDR-PR acrescenta ainda que essas lesões nas folhas podem levar a uma desfolha da planta, reduzindo assim a área fotossintética e, consequentemente, a produtividade da lavoura. “Para o momento do ano, esse cenário é comum”, finaliza Helling.

Da Redação

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