Sperafico lamenta tragédia das enchentes na agropecuária gaúcha
A tragédia que atinge o Rio Grande do Sul, com mais de 700mm de chuvas em duas semanas, o equivalente precipitação de seis meses no Estado, não afetou apenas a infraestrutura urbana, destruindo mais de 100 mil moradias e mais de 400 escolas públicas, penalizando mais de um milhão de habitantes. Conforme o deputado federal Dilceu Sperafico, os temporais sofridos desde o final de abril, também dizimaram a infraestrutura necessária para plantar, armazenar e escoar a produção agropecuária gaúcha, prejudicando produtores rurais, consumidores e trabalhadores de todo o Estado, que é um dos principais celeiros do agronegócio nacional. A agropecuária representa 40% da economia do Estado. Na verdade, mais de 90% das atividades produtivas gaúchas foram atingidas.
Segundo o parlamentar, que é natural de Santa Rosa e migrou com a família para o Oeste do Paraná ainda criança, o Rio Grande do Sul produz 70% do arroz, 50% da uva e 35% do trigo consumidos no País, além de grande volume de soja, milho, feijão, frutas e hortaliças. Da mesma forma, se destaca na pecuária, com importante produção de leite, ovos e carnes de frangos, ovinos, suínos e bovinos. Tudo isso está submerso há mais de 15 dias, com as enchentes ocorrendo na reta final da colheita da soja. “Temos conversado com familiares e amigos que continuam residindo no Rio Grande do Sul e é muito triste ouvir seus relatos sobre a catástrofe enfrentada. Só compensamos um pouco dessa tristeza com a solidariedade nacional e mundial com as vítimas”, ressaltou o parlamentar.
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ENCHENTES NA AGROPECUÁRIA
Conforme Sperafico, segundo o noticiário da tragédia, enormes lavouras de arroz estão debaixo d´água, quando faltava colher 20% da safra. Muitos produtores, além das lavouras, perderam o produto que havia sido colhido e estava armazenado na propriedade rural, o mesmo ocorrendo com armazéns, residências, aviários, pocilgas e galpões destinados às vacas leiteiras, cavalos e outras criações, além de tratores, colheitadeiras e outras máquinas e implementos agrícolas. Não restaram nem mesmo estradas de acesso às propriedades e rodovias por onde eram escoadas as safras e recebidos insumos para as atividades produtivas.
“A exemplo do que aconteceu na agricultura gaúcha, as perdas na criação animal também são incalculáveis e certamente atingem bilhões de reais. Se o Governo do Estado estima em 19 bilhões de reais os recursos necessários para a reconstrução de moradias, prédios públicos, comerciais e industriais, escolas, rodovias, pontes e logradouros urbanos, os prejuízos do agronegócio também são muito grandes e na maioria dos casos produtores não tinham seguro do patrimônio e sofrerão sozinhos as enormes perdas. Para reconstruir suas instalações e adquirir novos equipamentos para retomar a produção, certamente dependerão de financiamentos e irão se endividar bastante”, destaca Sperafico.
PIOR ESTÁ POR VIR
Somente após as águas baixarem será revelado o verdadeiro cenário desolador de lavouras varridas pelas enxurradas, instalações destruídas e animais mortos. Em muitos municípios, criadores perderam dezenas de vacas leiteiras, centenas de bovinos na engorda e milhares de suínos e frangos. Agricultores que mantinham mais de um aviário perderam dezenas de milhares de pintos, frangos e galinhas poedeiras. Muitos produtores relatam haver visto seus animais morrendo afogados sem ter nada o que fazer para salvar as criações, pois o mais importante era sobreviver e proteger a família e eventuais trabalhadores.
Muitos abriram portões de pocilgas e aviários, mas os animais não tinham onde se proteger das águas. Conforme os produtores, no caso de suínos e frangos, se fossem apenas alguns animais, se poderia tentar salvá-los, mas isso seria impossível em rebanhos ou plantéis de centenas e/ou milhares de cabeças. Mesmo assim, produtores afirmam que tem de continuar na atividade, reconstruindo seus patrimônios e refazendo lavouras e criações, pois é com muito orgulho que vêm as plantações crescendo muito verdes e floridas. Segundo Sperafico, levantamentos da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), apontam para prejuízos de bilhões de reais nas atividades agropecuárias, enquanto os recursos necessários para recuperar a infraestrutura das prefeituras atingiriam 4,6 bilhões de reais.
APOIO OFICIAL
“O governo do Estado está empenhado na ajuda aos milhões de famílias e pessoas gaúchas atingidas pelas inundações e o governo federal na semana passada anunciou conjunto de medidas econômicas para atender às vítimas das destruições, incluindo produtores rurais. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro prometeu auxiliar o setor agropecuário, liberando todos os sistemas sanitários de qualquer tipo de exigência ao produtor, quer seja de animal ou de leite. Disse que ‘aquilo que conseguir transportar, não terá problema para sua movimentação’, mas precisamos agora esperar que as chuvas cessem e se avalie melhor a dimensão das perdas e o apoio recebido para a reconstrução do agronegócio gaúcho”, afirmou Sperafico.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRVM), ainda há rebanhos inteiros debaixo d’água no Estado, com grande sofrimento dos animais em meio às inundações. São animais de estimação, espécies silvestres e da pecuária que ainda estão sendo resgatados, mas com a saúde cada vez pior. Tudo isso, além do grande volume de carcaças de bovinos, porcos, galinhas e outros bichos mortos, espalhando mau cheiro entre ruínas de construções ou nas lavouras e florestas devastadas. Para minimizar a tragédia, centenas de veterinários voluntários têm atendido animais resgatados com vida em pontos de acolhimento, principalmente em faculdades e universidades, onde há estrutura para o atendimento. Muitos chegam com lacerações, hipotermia, glicemia baixíssima por falta de comida, doenças ou necessidade de amputar membros ou fazer a retirada de olhos. Cerca de 10 mil animais foram resgatados pela Brigada Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar no Estado, além dos milhares acolhidos por voluntários e entidades de proteção aos animais.
TOLEDO