Marco simbólico da Central de Saneamento Rural: Ambicoop busca apoio para iniciar construção
Toledo vivenciou um novo capítulo no que se refere a implementação de ações voltadas a geração de energias sustentáveis e saneamento rural com o marco simbólico de lançamento da Central de Saneamento Rural, Biogestão, Compostagem e Industria de Adubo Orgânico do Rocio. O ato ocorreu na manhã de quinta-feira (19). Simultaneamente, uma comitiva da Cooperativa de Geração de Energias Sustentáveis e Saneamento Rural (Ambicoop) estava em Curitiba em tratativas com o Governo do Estado com o intuito de fortalecer o programa.
“Vivemos hoje o marco do lançamento do início da construção da unidade”, cita o presidente da Ambicoop, Ilmo Werle Welter. “O objetivo maior é ilustrar isso e temos que ter o poder público conosco. Nós sozinhos não temos poder pra caminhar, mas junto com o poder público iremos conseguir colocar uma estrutura boa aqui para trabalharmos esse nosso problema, que é muito grave, que envolve o manejo e sanidade nas granjas. A ideia é combater a geração de problemas ambientais de contaminações. Esse projeto visa alavancar muito isso, para tirar aquele problema primário que nós temos nas propriedades”.
Welter lembra que as primeira tratativas iniciaram em 2016 com um programa via Governo da Alemanha junto com o poder municipal na região de São Miguel. Contudo, naquele município ele não foi efetivado. “A empresa da Alemanha continua conosco na região, foi acompanhando o desenvolvimento desse projeto – que foi desenvolvido indo para o lado de um programa. Hoje, esse programa está em fase terminal, já de do projeto executivo, mas no primeiro momento essa unidade de Toledo para fazer a demonstração”.
INOVADOR – O modelo de saneamento rural é considerado pioneiro no Brasil, pois segundo o presidente não foi encontrado registro em local. A Central de Saneamento Rural, Biogestão, Compostagem e Industria de Adubo Orgânico do Rocio já tem a licença ambiental e está toda liberada, entretanto, para sair do papel faltam recursos para iniciar a construção.
Welter reforça que é preciso contar com o apoio do Governo para que a obra seja concretizada. “Precisamos da desoneração fiscal porque nós temos vários equipamentos que serão importados com um tributo muito alto. Nesse sentido a gente precisa muito do apoio para que o prefeito conceda esse desconto pra nós e possamos operar, com isso, facilita mais ainda a questão da viabilidade do negócio para nós”, aponta.
ZONEAMENTO RURAL – A primeira etapa vai ser a coleta via túnel – via sistema de saneamento rural, modelo da cidade. “Nós chamamos de zoneamento rural e tubulação bomba uma grande parte por vitrines aí o dejeto vem, aqui na nossa unidade e vai para biodigestão, a partir daí que vai começar a gerar o gás que dá pra ser filtrado para ir para o biomecânico gerar energia elétrica. Esse vai ser o estilo dessa primeira unidade. Mas após isso, existe as projeções para as expansões”.
A área do terreno é de 45.879 m², a área de abrangência é de 8.000 há, CO2 evitado – 51.000 ton/ano, percentual do passivo das biomassas residuais municipais tratados com o projeto – 7% e a previsão de início de operações: fevereiro de 2026.
Da Redação
TOLEDO
Com investimento de empresa alemã, Toledo terá a 1ª central de saneamento rural do Brasil
Toledo, no Oeste do Paraná, vai sediar uma nova usina de biogás que também será a primeira central de saneamento rural do Brasil, um empreendimento da Mele, empresa alemã que promete potencializar a transformação de dejetos da suinocultura em energia, biocombustível e fertilizantes.
A pedra fundamental do empreendimento foi lançada nesta quinta-feira (19) em um encontro entre o vice-governador Darci Piana e a presidente do Conselho Federal Alemão, Manuela Schwesig, em Curitiba, e que foi acompanhada por vídeo por representantes da empresa e agricultores de Toledo.
“Hoje é um dia muito especial para o Paraná não apenas por receber a comitiva alemã para selar este acordo, mas por marcar um avanço importante no setor de biogás e biometano ao aproveitar os resíduos que já são gerados pelo nosso forte setor de suinocultura, que coloca o Estado como o segundo maior produtor de carne suína no Brasil”, afirmou o vice-governador.
“Além de resolvermos um problema ambiental sério que temos para a destinação destes dejetos, esse projeto significa mais recursos financeiros aos nossos produtores, que poderão ampliar suas atividades, o que também ajuda no crescimento econômico do Estado”, concluiu Piana.
A usina receberá, em sua primeira etapa, cerca de R$ 77,5 milhões em recursos de investidores e financiamento do Banco Mundial, além de ser acompanhado pela Organização das Nações Unidas (ONU) devido às suas características inovadoras e ambientalmente sustentáveis. A planta de Toledo, que servirá de modelo para as próximas que serão instaladas na região, ficará em uma área de 43 mil metros quadrados.
Segundo estimativas da empresa, o tratamento correto dos dejetos nas usinas tem o potencial de evitar 2 milhões de toneladas de CO2 por ano, o equivalente a 2,7% as emissões do Paraná e 0,5% de tudo que é emitido pelo Brasil anualmente.
Mesmo antes do início da obra de construção, o projeto chamou a atenção de grandes empresas nacionais, como a Petrobras, e também de empresários de outros países interessados nas oportunidades de compra de créditos de carbono para compensação de suas próprias emissões.
Feita com base em uma tecnologia desenvolvida no estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde Manuela Schwesig também é governadora, a estrutura resolverá um grande passivo ambiental dos produtores da região, com a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2). Ele também garantirá a manutenção dos recursos hídricos pela economia de água e o fim da contaminação do solo e lençóis freáticos por dejetos da suinocultura.
“Com este projeto conseguimos demonstrar que a agricultura também pode contribuir com a eficiência energética ao trabalhar com um material que ninguém quer, transformando-o em um ativo econômico”, declarou a presidente do Conselho Federal Alemão. “Em Toledo, iniciamos uma experiência que pode ser ampliada para outras regiões do Paraná com o uso de uma tecnologia que foi desenvolvida em nosso estado”, acrescentou Manuela.
APOIO ESTADUAL – O empreendimento conta com a parceria do Governo do Estado por meio de diversos órgãos, em especial a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Secretaria da Fazenda, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, Instituto Água e Terra e Invest Paraná. Os órgãos têm apoiado a aprovação das regulamentações necessárias para viabilizar as atividades no Estado e também pela concessão de incentivos fiscais e tributários por meio dos programas Renova Paraná e Paraná Competitivo.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza, defendeu a expansão do projeto. “Produzir proteína animal, que é um ativo importante, pode se transformar em um passivo ambiental a depender de como os resíduos são tratados, por isso a nossa expectativa é de que essa iniciativa pioneira possa ser replicada em outras regiões do Estado, fazendo com que a nossa agropecuária possa avançar ainda mais”, disse.
O projeto-piloto de Toledo integra uma iniciativa maior dos alemães denominada Programa Oeste Sustentável, ou ainda Green Fuels Paraná, focada em aliar o desenvolvimento social dos pequenos produtores à práticas mais sustentáveis. A meta é tratar e transformar cerca de 60% do passivo ambiental da cadeia de produção da suinicultura do Estado, o que também representa 10% da produção brasileira neste segmento.
NOVAÇÃO – A Alemanha, e em especial a região de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, é pioneira na implementação de biodigestores em propriedades rurais. Por meio dessa tecnologia, pequenos e médios produtores de suínos e bovinos utilizam instalações de digestão anaeróbica para tratar os dejetos e produzir biogás, convertendo-o em biometano para ser injetado na rede de gás natural ou utilizando-o para gerar energia elétrica e térmica nas próprias fazendas.
No caso da planta de Toledo, a parte líquida dos dejetos será transportada por redes de gasodutos até a central única de saneamento, enquanto a parte sólida será coletada por caminhões com o mesmo destino, englobando 52 propriedades rurais. Este material servirá inicialmente como matéria prima para a produção de biometano e CO2, mas a empresa já planeja uma futura ampliação para também produzir metanol, que é amplamente usado na produção do Biodiesel e de outras cadeias.
Atualmente, 100% do metanol consumido no Brasil é importado de outros países, por isso a expectativa é de que este empreendimento também ajude o Paraná e o País a reduzirem a sua dependência do mercado externo e, por consequência, os custos de uso do biocombustível. A estimativa da Mele é de que, após a conclusão de todo o cronograma do projeto, a região Oeste do Estado consiga produzir o equivalente a 6.000 barris de petróleo por dia na forma de biocombustível.
Da AEN
TOLEDO