Toledo participa de ação para proteger mil nascentes de água até o Dia da Árvore

O equilíbrio da natureza, da terra e da água dependem de cada um preservar o lugar onde vive. A água é um recurso natural insubstituível para a manutenção da vida saudável e bem estar da sociedade. Recuperar e preservar nascentes e mananciais em propriedades rurais são essenciais para manter a vida às próximas gerações. A luta pela defesa do meio ambiente e pela preservação das fontes de água deve ser constante.

A propriedade de Valdir Berno, na Linha Videira, em Toledo, foi escolhida para a ação Mil Fontes do Governo do Estado, até esta quinta-feira (21), Dia da Árvore, fará a proteção de pelo menos mil nascentes de água em todo o Paraná. A ação faz parte do Programação Estadual de Proteção de Nascentes. O objetivo é preservar entre 30 mil e 35 mil minas d’água até 2026, o que vai ajuda a estimular a produção de água e evitar problemas no abastecimento. Além disso, garante a produção de água com qualidade e em quantidade. Atualmente, o Paraná aderiu ao Pacto pela Governança da Água, que é gerenciado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e demais entidades são parceiras do Estado. Na regional de Toledo, devem ser recuperadas em média 60 nascentes e na região da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop) são 150 nascentes.

RECUPERAÇÃO – A propriedade de Valdir Berno e família tem a atividade da bovinocultura leiteira, cultivo de soja e milho e turismo rural. A recuperação das nascentes aconteceu na última quarta-feira (20). Diversas pessoas colaboraram no plantio de mudas de árvores nativas no local.

Segundo o gerente da regional de Toledo do IDR-Paraná Ivan Decker Raupp, o Estado está no esforço em assegurar a sustentabilidade das propriedades agrícolas a longo prazo. “Para o Oeste, esse trabalho é importante, porque a região possui potencial de produção de proteína animal, a qual necessita de uma boa água”.

Heloisa Vessel Berno é neta do proprietário da propriedade e ela conta que o seu ‘nono’ sempre esteve preocupado com as nascentes, a poda correta das árvores e a proteção ambiental. “Esse cuidado com a natureza é algo que vem de família. Nós sempre cuidamos do meio ambiente. O objetivo da nossa família é manter o equilíbrio ambiental com os nossos negócios”.

Ela comenta que a água preservada será somente para encantar quem visita a propriedade, pois faz parte da trilha. “A trilha possui um córrego, chamado de Sanga Sabiá. No meio dela, ainda tem uma cachoeira. O ponto de revitalização é no meio da trilha, a qual totaliza 1600 metros”, afirma Heloisa ao complementar que o trajeto possui diversos pontos de nascentes. “É importante preservar a natureza. Quem nos visita gosta e também a protege. É um dia especial para toda a família e para que tem amor pela natureza”.

A propriedade possui uma área total de 25 hectares e tem três quiosques day use e camping. As cabanas estão sendo construídas e serão inauguradas no próximo mês. “Estamos sempre na lida para ampliar o nosso empreendimento e, principalmente, cuidar do nosso meio ambiente”.

A extensionista do IDR-Paraná, Valmira Antunes Dias presta assistência técnica na propriedade na parte do turismo rural. “Atuo com os proprietários na implantação das adequações e melhorias dos espaços para receber os turistas, levando em conta o cuidado com a preservação ambiental, o principal atrativo (diferencial) da propriedade. Com a fonte protegida conseguimos garantir o fornecimento da água e, posteriormente, analisa-la para chegar sua potabilidade. Tornando-se assim um atrativo a mais com a acesso do turista ao consumo da água direto da fonte”.

SUSTENTABILIDADE – O gerente da regional de Toledo do IDR-Paraná Ivan Decker Raupp ainda comenta que preservar a nascente é um trabalho que tem uma história. “Em 1986, participei de um curso que ensinava como fazer a proteção das fontes, diante da necessidade de fornecer água de qualidade para as comunidades rurais. Na região Oeste, nós temos a piscicultura, bovinocultura, suinocultura, avicultura, enfim, são atividades que dependem da água. Ao melhorar o meio ambiente, nós conseguimos melhorar a condição. Hoje [quarta-feira], após vários anos, promovemos um trabalho com cunho educativo e colaborativo e valorizamos as parcerias”.

O chefe do Núcleo Regional da Seab em Toledo Paulo Roberto Salesse atendeu a recomendação do secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) Norberto Ortigara e do Governador do Estado Ratinho Junior em acompanhar essa ação na propriedade. “São entidades e autoridades empenhadas para que o Programa se cresça. São anos de trabalho do IDR-Paraná na recuperação de nascentes. Resultados de pesquisas colocados em práticas, tudo para ter o ambiente preservado”.

Muitas ações já foram promovidas para manter a sustentabilidade do Estado. Salesse pontua que novas estratégias devem ser estabelecidas. Na ocasião, ele cita o exemplo que a principal barreira do Paraná para comercializar o produto na Europa ainda é ambiental. “Estamos melhorando a cada dia e queremos alavancar esse programa para dar mais qualidade de vida à comunidade e ao Paraná. Precisamos mostrar que estamos preocupados em preservar o meio ambiente”.

VALORIZAÇÃO – O técnico do IDR-Paraná, Valmir Cardozo Pereira, complementa que a sociedade precisar aprender a valorizar o que já tem e proteger o meio ambiente. Assim, a água chegará ao consumidor e abastecerá a agricultura. “O desejo é que o reservatório continue cheio e aumente a mata ciliar. Desenvolvemos várias atividades no escritório, mas ao sairmos e realizarmos trabalhos em campo ‘lavamos a nossa alma’”. Em Formosa do Oeste já foram protegidas 120 nascentes; em Jesuítas 80; em Iracema do Oeste 100 e ações também são realizadas em São Pedro do Iguaçu e Tupãssi.

Quem também está preocupada com a sustentabilidade e o meio ambiente é a agência Agro da instituição financeira cooperativa Sicredi Progresso. Segundo o gerente Vanderlei André Hertz, essa iniciativa na propriedade da família Berno é fundamental. Ele revela que quando um produtor procura a agência um documento solicitado é a licença ambiental. “Queremos desenvolver e melhorar a qualidade do produtor rural, mas pensando no meio ambiente. A cooperativa apoia esse tipo de iniciativa. Na infância, brincamos em muitas nascentes com uma água pura e, agora, precisamos manter a natureza preservada”. Quem também se sente feliz em participar da ação é a engenheira civil da Secretaria de Meio Ambiente de Toledo Luciana Azevedo. “Estamos felizes em participar desse cuidado com a nascente e estamos abertos para novas parcerias”.

Proteção

Para manter a qualidade dessa água, as nascentes devem ser protegidas. Para a proteção foi usada uma técnica à base de solo-cimento, bastante difundida no meio rural e usada há anos pela extensão rural. A fonte passou, primeiramente por uma limpeza geral para retirar possíveis impurezas. Em seguida, a área da nascente recebeu pedras irregulares (pedra ferro, sem fundo amarelo), funcionando como um filtro físico da água. Na sequência, foram colocados canos de abastecimento das caixas d’água. Por fim, a fonte foi lacrada com uma mistura de solo com cimento.

Fonte: Agência Estadual de Notícias

Identificação do olho d’agua

O olho d’água é afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente. Geralmente, localizam-se em encostas ou depressões do terreno ou ainda no nível de base representado pelo curso d’água local, podendo ser perenes (de fluxo contínuo), temporárias (de fluxo apenas na estação chuvosa) e efêmeras (surgem durante a chuva, permanecendo por apenas alguns dias ou horas). O técnico do IDR-Paraná, Valmir Cardozo Pereira, salienta que antes de realizar o trabalho é preciso encontrar o olho d’água. “Após essa etapa, nós construímos a barragem para reter a água e, posteriormente, ser canalizada”.

Educação Ambiental é foco de trabalho nos colégios do NRE de Toledo

O Núcleo Regional de Educação (NRE) de Toledo aplica o conteúdo Educação Ambiental em todas as instituições por compreender que trata-se de um tema transversal e multidisciplinar. A responsável pela pasta da Educação Ambiental do NRE de Toledo, Cristina Barcaro München, destaca que o assunto é abordado de maneira transversal nos colégios dos 16 municípios do Núcleo.

De acordo com Cristina, para a recuperação da nascente na propriedade de Valdir Berno, na Linha Videira, a equipe planejou a participação de estudantes do Agronegócio. “É importante eles vivenciar o momento de preservação e, posteriormente, multiplicar aos seus colegas”.

A técnica salienta que o agronegócio é forte na região e as questões ambientais devem estar em consonâncias. “Em parceria com o Senar, estamos reestruturando os cursos Técnico em Agropecuária dos Colégios Agrícolas e inserindo o Agronegócio como curso técnico do itinerário do novo Ensino Médio”.

NOVA VISÃO – Cristina menciona que existe uma nova perspectiva e uma nova visão do Agronegócio no NRE Toledo “Não é somente uma fonte de renda, e sim, é uma engrenagem da sociedade. A preservação ambiental garante a sucessão para as nossas futuras gerações, para que elas possam ter ambientes preservados e sem fome no mundo”.

A técnica enfatiza que quando se fala em preservação ambiental não é somente rendimento ou lucro, e sim, preservar para o futuro. “As instituições e as autoridades devem pensar em educação ambiental, porque a geração 2030 está aqui. Em 2030, talvez nós não existiremos e o investimento começa hoje”.

Núcleo ODS Toledo elabora projeto de Educação Ambiental no Coopagro

Os integrantes do Núcleo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Núcleo ODS Toledo) praticam diversas ações durante o ano. Em 2023, o grupo decidiu fazer uma ação diferente. Os membros desenvolverão uma atividade de Educação Ambiental com a comunidade da região do Jardim Coopagro.

O coordenador do Núcleo ODS Toledo, Dielson Pickler, comenta que o grupo não tem condição de ‘abraçar’ toda a cidade. Por isso, decidiu realizar esse recorde. “Escolhemos o Coopagro devido a presença de entidades e de empresas parceiras. O Núcleo ODS Toledo vai desenvolver uma ação de Educação Ambiental focada na separação de resíduos”.

O grupo está elaborando o projeto com a participação de diversas pessoas, com a finalidade de envolver a comunidade. Os membros do Núcleo ODS Toledo ainda pretendem mapear as lideranças comunitárias, políticas e religiosas. Na sequência, o grupo – com as ações governamentais – vai diagnosticar os locais em que os produtos podem ser destinados, como lâmpadas, sofá velho, entre outros.

Dielson Pickler explica que a comunidade daquela região identificará cada ponto de coleta. “A ideia é levar a informação para a população”. Neste momento, o projeto está em fase de elaboração. Encontros são realizados com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo.

O coordenador do Núcleo ODS Toledo relata que a primeira ação prática acontecerá no Prefeitura dos Bairros, no próximo mês. “Faremos uma pesquisa com a comunidade. Aproveitaremos a concentração de público para fazer uma pesquisa básica para entender os hábitos da comunidade e, a partir disso, conseguiremos fazer uma ação mais assertiva no momento de levar a informação”.

ORGANIZAÇÃO – O Núcleo ODS Toledo organiza os vários ‘atores’ da sociedade, pessoas, entidades e empresas que tenham a responsabilidade social como destaque. “Precisamos colocar a ‘mão na massa’, porque é fácil fazer projeto. Mas executá-lo é difícil. Nós queremos motivar a população. Exemplo: se cada um plantar uma árvore ou cuidar do seu ambiente será um avanço para o futuro”, comenta o coordenador.

Dielson pondera que a recuperação de nascentes é um exemplo a ser replicado. “Cuidamos da qualidade de água que servirá para todos usufruírem, como a natureza, o animal e o cidadão. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 17 trata das parcerias e meios de implementação. Por isso, que tenhamos um planeta e uma cidade melhor e com qualidade de vida para todos”, finaliza.

Da Redação

TOLEDO