Trump cogita disputar chefia da Câmara

O que parecia ser uma ideia estapafúrdia ganhou corpo nesta quinta, 5. O ex-presidente Donald Trump, segundo aliados e congressistas republicanos, está considerando a possibilidade de se lançar candidato à presidência da Câmara dos Deputados. A escolha do próximo líder começaria a ser votada na quarta-feira, 4, e Trump teria marcado uma reunião com a bancada antes da primeira votação.

A possibilidade de Trump aparecer em Washington na quarta-feira está sendo discutida entre aliados no Congresso, de acordo com a rede NBC, o jornal The Hill e o site Politico. Se a ideia for adiante, será a primeira visita do ex-presidente ao Capitólio desde o dia 6 de janeiro de 2021, quando uma multidão de simpatizantes dele invadiu a Casa em uma tentativa de reverter o resultado da eleição vencida pelo presidente, Joe Biden.

Apoio

Trump ainda não tomou uma decisão, mas não descartou a ideia. “Muitas pessoas têm me telefonado para falar sobre o cargo de presidente da Câmara. Tudo o que posso dizer é que faremos o que for melhor para o país e para o Partido Republicano”, disse o ex-presidente, na quarta-feira.

Desde a destituição de Kevin McCarthy, na terça-feira, 3, Trump vem flertando com a ideia de se tornar líder da Câmara e vários aliados, como o deputado Troy Nehls e a deputada Marjorie Taylor Greene, apoiaram abertamente a ideia. “O único candidato a presidente (da Câmara) que apoio é Donald Trump”, escreveu Greene no X (antigo Twitter). “Com ele no cargo será um comício todos os dias.”

O presidente da Câmara não precisa ser necessariamente um deputado, embora nunca ninguém de fora tenha assumido o cargo – o que seria apenas mais uma regra ignorada pelos trumpistas.

Sucessão

O ex-presidente também pode ter problemas com as próprias regras do partido, que determinam que o líder da bancada não pode ter sido indiciado por um crime que tenha uma pena de “dois ou mais anos de cadeia” – uma norma que poderia ser ignorada, como tantas outras, segundo a ala mais radical dos republicanos.

Se assumisse o cargo, Trump se tornaria o terceiro na linha de sucessão à presidência dos EUA, depois de Joe Biden e da vice-presidente, Kamala Harris, criando uma situação bizarra – no caso de ausência dos dois democratas, mesmo que temporariamente, eles estaria novamente à frente do Executivo.

Mesmo que se lance como candidato, no entanto, a vitória não é certa. Os republicanos têm uma maioria muito apertada na Câmara – 221 a 212, apenas 9 deputados a mais do que os democratas. Isso exigirá quase unanimidade da bancada, um obstáculo difícil de superar para um nome que acirra tanto os ânimos.

Outro indicativo de que Trump poderia ficar de fora da disputa interna é que o deputado republicano Jim Jordan, um dos aliados mais próximos do ex-presidente na Câmara, já disse que será candidato à presidência da Casa e afirmou que discutiu o assunto com Trump no inicio da semana, após a queda de McCarthy.

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Seja quem for o candidato do Partido Republicano, dificilmente ele terá os 218 necessários para ser presidente da Câmara dos Deputados – em janeiro, McCarthy precisou de 15 votações para obter a maioria.

Para os republicanos, no entanto, manter o Congresso disfuncional prejudica as negociações para a aprovação de um orçamento definitivo que mantenha o aparato estatal funcionando – o prazo de 40 dias para evitar a paralisação está se esgotando. Além disso, muitos temem que a imagem do partido fique prejudicada e afete as eleições legislativas de 2024. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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