Problemas visuais podem afetar o desempenho escolar; telas são as causas

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O vício em telas – seja celular, computador ou tablet – é uma preocupação crescente na sociedade. A temática preocupava antes de 2020 e após a pandemia só aumentou. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças de até cinco anos de idade não devem passar mais de uma hora por dia em atividades passivas diante de uma tela de smartphone, computador ou TV. Mas a realidade é que somente 1/3 das crianças entre 2 e 5 anos efetivamente cumprem os tempos máximos diários sugeridos. O programa Conversa Oeste do JORNAL DO OESTE visitou a clínica do oftalmologista Sérgio Sória para abordar esse assunto e a influência no desempenho escolar da criançada.

A saúde ocular infantil é uma preocupação constante dos pais ou dos responsáveis pela criança, principalmente, quando ela está em idade escolar. O oftalmologista Sérgio Sória destaca que as telas prejudicam muito a saúde ocular desde a infância até o adulto. “Quanto mais próximo da tela, pior é. O celular e o tablet são danosos à saúde dos olhos. Eles não fazem bem ao adulto e na infância é pior. Nós precisamos impor limites de tempo para amenizar as consequências das telas”.

Sória comenta que questionava os pais ou os responsáveis da criança sobre o tempo que ela utilizava o celular. Até dois anos atrás, eles conseguiam responder. Atualmente, o profissional afirma que os pais desconhecem o tempo em que a criança faz o uso do celular ou do tablet. “A minha geração é mais tranquila, pois ela cresceu utilizando o computador e brincando. As gerações posteriores não compreendem, mas o computador faz menos mal em comparação ao celular”.

De acordo com o oftalmologista, a recomendação é não estimular o uso de celular das crianças. “Que elas não estudem, não façam a tarefa ou respondam ao questionário no celular. Assistir vídeo não é interessante para a saúde ocular. Uma criança que nunca teve miopia, mas faz muito o uso do celular e fica dentro de casa o dia inteiro mexendo em tela, ela tem chance maior de ter miopia do que uma criança que brinca na praça, joga bola ou anda de bicicleta”.

APRENDIZAGEM – Problemas visuais podem afetar o desempenho escolar da criança. “Ela pode apresentar lentidão no aprendizado. Algumas famílias pensam que pode ser algum tipo de transtorno, porém existem vários diagnósticos que a criança pode ter e os problemas visuais afetam o desempenho escolar”, menciona o oftalmologista.

Algumas escolas firmam parcerias e elas realizam triagem da visão ou possuem professores treinados. Em Toledo, os integrantes do Lions Clube avaliam as crianças em várias instituições escolares. “Em casa, os pais também podem fazer um teste visual bem simples: deixe uma imagem congelada na televisão ou segura uma folha com alguma palavra que a criança consiga enxergar certa distância e testa um olho separado do outro. Pede pra ela ler ou identificar algum desenho, depois tapar outro olho e pede pra ela identificar um outro desenho ou alguma letra. Se os pais perceberem uma dificuldade importante é recomendável procurar um oftalmologista”.

ORIENTAÇÕES – Sória menciona que o ambiente externo favorece ao não surgimento da miopia ou retarda o seu aparecimento. “Os pais precisam estar atentos na consulta oftalmológica e também questionar o profissional sobre a necessidade do uso com frequência de óculos”.

Ele complementa que às vezes receita os óculos para a criança para somente assistir televisão ou fazer a tarefa em casa. “Alguns casos, a criança não precisa fazer o uso de óculos na escola; para outros é uma necessidade. Cada caso é um caso”.

Sória enfatiza os pais precisam ‘cortar’ o celular da criança. “No futuro, a criança pode desenvolver sérios problemas oculares, como olho seco, vermelho, cansado ou irritado. Estimule a criança a fazer atividade no ambiente externo. Para os olhos, isso é ótimo. Toda leitura da criança, o ideal é a física, ou seja, o livro. Precisamos deixar o celular de lado e voltar como era antigamente, brincar mais com os amigos e lermos livros”.

Outra ação interessante e que colabora com a saúde ocular é piscar. “Muitas pessoas nem precisariam buscar por um profissional se piscassem. É um simples fato, mas que colabora com os olhos”, cita Sória.

Ele relata que para as crianças com alergia ou que coçam muitos os olhos, um excelente remédio é compressa com água fria. “Coloque em cima dos olhos duas vezes por dia; dois ou três minutos”.

O oftalmologista ainda pondera que os pais ou os responsáveis devem buscar por auxílio de um profissional a cada seis meses ou um ano dependendo da saúde ocular de cada paciente. “Se precisar de óculos a cada seis meses solicito uma visita; raros são os casos que solicito para acompanhar com mais frequência. Quem não precisa do uso de óculos, eventualmente, pode ser um ano. Os pais precisam estar atentos, porque algumas crianças ou adolescentes fazem os óculos e ficam até três anos sem visitar o oftalmologista”.

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